(...)em uma conferência do cineasta Pier Paolo Pasolini, depois publicada no livro "Empirismo Herege". Em simples, ele dizia que, assim como na literatura, o cinema possui várias formas de expressão, sendo que uma mais "convencional" seria a prosa (o cinema narrativo, que se preocupa em contar histórias e apresentar os acontecimentos da trama em ordem lógica, observando relações de causa e efeito). Na prosa, o importante é o tema, o objeto, aquilo que está sendo mostrado. Por outro lado, na poesia, não importa tanto o que se fala, mas "como" se fala. O estilo se torna protagonista, e as escolhas do realizador (seja ele poeta ou diretor de cinema) ficam mais evidentes ao espectador, apesar de seus significados permanecerem mais abertos ou até misteriosos. (...)
Fonte:http://www2.anhembi.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=13041&sid=70
Texto de Luís Buñuel
Octávio Paz disse: "Basta a um homem prisioneiro fechar os olhos para que tenha o poder de fazer explodir o mundo"; eu acrescento, parafraseando-o: bastará que a pupila branca da tela possa refletir a luz que lhe é própria para fazer explodir o Universo. Mas atualmente podemos dormir tranqüilos porque a luz cinematográfica está cuidadosamente dosada e dominada. Nenhuma das artes tradicionais manisfesta desproporção tão grande entre as possibilidades que oferece e suas realizações. Porque age de maneira direta sôbre o espectador, apresentando-lhe seres e coisas concretas, porque o isola, graças ao silêncio e à escuridão, do que se poderá chamar de seu habitat psíquico, o cinema é capaz de pôr o espectador em êxtase melhor que qualquer outra expressão humana. Mas, melhor que qualquer outra, ele é capaz de embrutecê-lo. E infelizmente a grande maioria da produção cinematográfica atual parece não ter outra missão: as telas ostentam o vazio moral e intelectual no qual chafurda o cinema; de fato, ele se limita a imitar o romance ou o teatro, com a diferença de que seus meios são menos ricos para exprimir a psicologia; ele repete à saciedade as mesmas estórias que o século XIX já se cansara de contar e que continuam ainda nos romances contemporâneos. (...)
(...)O mistério, elemento essencial de toda obra de arte, falta em geral nos filmes. Autores, realizadores e produtores têm grande cuidado em não perturbar nossa tranqüilidade, deixando fechada a maravilhosa janela da tela sobre o mundo libertador da poesia. Preferem fazê-la refletir os argumentos que podem compor uma continuação de nossa vida comum, repetir mil vezes o mesmo drama ou fazer-nos esquecer as horas penosas do trabalho diário. E tudo isso, naturalmente, sancionado pela moral habitual, a censura governamental e internacional, pela religião, dominado pelo bom-gosto e temperado pelo humor branco e por outros... (...)
(...)O cinema é uma arma magnífica e perigosa se é manejada por um espírito livre. É o melhor instrumento para exprimir o mundo dos sonhos, das emoções, do instinto. O mecanismo criador de imagens cinematográficas é, por seu funcionamento, o que, entre todos os meios de expressão humana, lembra melhor o trabalho do espírito durante o sono. O filme parece uma imitação involuntária do sonho.(...)
Fonte:http://www.pco.org.br/livraria/programacao/ciclobunuel/bunuelfilmar.htm?target=
domingo, 17 de maio de 2009
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